De acordo com a visão funcionalista, sintaticamente, a voz implica em uma relação entre os argumentos na estrutura da sentença, por isso o entendimento sobre transitividade faz-se importante, pois ela expressa uma forma motivadora dessa relação, em que os itens lexicais completam-se sintática e semânticamente.
A origem do termo transitividade é (vem?) do latim transitivus, e significa que vai além, que transmite. Ou seja, em termos sentenciais, o significado de um item lexical é completado por outro item porque ocorre a transferência de uma (da?) atividade de um agente para um paciente.
A noção de transitividade é entendida pela gramática tradicional basicamente como um fenômeno de característica típica do verbo, em que ele requer ou refuta um complemento. São transitivos os verbos que têm o seu sentido completado por outros itens. Ao contrário, nos intransitivos a ação tem o seu sentido completo no próprio verbo. (CUNHA; CINTRA, 1985). Ou seja, considera-se a relação dos participantes na ação verbal: o verbo transitivo denota a ação entre dois participantes em que um age sobre o outro; o intransitivo envolve apenas um participante.
A gramática tradicional salienta que um mesmo verbo pode ser usado de modo transitivo e intransitivo, portanto a limitação entre eles nem sempre é regida ou absoluta. No entendimento de Bechara (2000, p. 415) isso ocorre quando o emprego se dá em um processo verbal de aplicação muito vaga como em :
[?]Eles comeram bolo e em
[?]Eles não comeram.
Said Ali (1964, p. 95) considera a natureza semântica para a classificação da transitividade de um verbo. Os argumentos, em especial o objeto direto, podem desempenhar diversos papéis temáticos. Alguns verbos como, por exemplo, matar, ferir, quebrar, descrevem atos que sempre originam-se em um ser agente e culminam em outro ser paciente. Há entretanto outros verbos que não admitem um completo (complemento?) para a sua significação, como o é ocaso de chorar e morrer.
No funcionalismo, concebe-se a transitividade como diferentes codificações sintáticas, oriundas de uma diversidade de motivações semânticas, pragmáticas, cognitivas e até sociais relacionadas com os variados contextos de uso da língua. Melhor dizendo, para esta corrente teórica, a transitividade não é expressa somente no verbo, mas sim na totalidade da oração com o envolvimento de todos os elementos que a compõe, liguísticos e extralinguísticos. Estrutura reflete e é motivada pela função. As regras da gramática são modificadas pelo uso.
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